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Ataque de pânico na pandemia

A belíssima Gisele Bündchen, que tem 40 anos, teve o primeiro ataque de pânico durante um voo, em 2003. Depois, vieram fobias de elevador, túnel e locais apertados sem janela. “Estava impotente. O mundo se torna cada vez menor e você não consegue respirar. É o pior sentimento que já tive”, disse ela em entrevista em 2018 para a revista People.

Então, certo dia, estava em seu apartamento no 9º andar, com as janelas abertas, fazendo uma massagem para relaxar, e de repente não conseguia respirar, como contou em Conversa com Bial, programa também exibido em 2018. 

“Fui para o deck, que ficava de frente para o rio, e nem lá eu conseguia respirar, tentava e não vinha o ar. Naquele momento de desespero, eu pensei: ‘E seu eu pular? Vai tudo acabar, não preciso mais viver isso…’”.

Ataque de pânico muitas vezes é devastador para quem o tem, mas pode até passar despercebido para os outros. “As coisas podem parecer perfeitas para as pessoas que estão de fora, mas você não tem ideia do que realmente está acontecendo”, falou Gisele na entrevista para a People. 

De fato, ela é uma das supermodelos mais bem pagas do mundo; casada com Tom Brady, jogador de futebol americano que tem salário anual de US $30 milhões; tem um casal de filhos lindos (Benjamin, de 10 anos, e Vivian, de 7). E moram numa mansão em Tampa, na Flórida (EUA). 

Isso confirma que qualquer pessoa pode sofrer de Transtorno do Pânico (TP). A estimativa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que atinja cerca de 4% da população, ou seja, 280 milhões de pessoas no mundo.

Um transtorno de ansiedade

TP – síndrome do pânico ou simplesmente ataque de pânico – é um tipo de transtorno de ansiedade. A sensação é de medo intenso, insegurança e de que algo ruim está para acontecer, além de outros sintomas físicos, que surgem de forma repentina e inesperada, mesmo sem estar diante de um perigo iminente.

“A região central do cérebro é responsável pelo controle das emoções e da liberação de adrenalina – hormônio que faz com que o organismo se prepare para fugir ou lutar diante de um perigo. No transtorno do pânico, esse ‘alarme’ cerebral dispara sem que haja um perigo real, provocando a sensação de medo e mal-estar intenso”, conforme está descrito no site do Ministério da Saúde (MS).

A crise dura, em média, de 15 a 30 minutos, de acordo com o MS. Entretanto, o sofrimento psíquico gerado pelo ataque de pânico causa mudanças no comportamento da pessoa, em consequência do medo de novas crises. O transtorno pode até prejudicar as atividades rotineiras da pessoa.

Gatilhos para o medo

Há alguns gatilhos que podem desencadear o transtorno. Geralmente, ocorrem após algum episódio muito estressante, como assalto, sequestro, morte de um ente querido, além de brigas, separações e crises financeiras. Por trás da crise de pânico também podem estar experiências traumáticas na infância.

Além disso, há indícios de componente genético, já que filhos de pais com transtornos de ansiedade são mais suscetíveis à doença.

E durante a pandemia…

Isolamento e distanciamento social, luto, incertezas quanto ao futuro… Não por acaso, o atual cenário da pandemia de Covid-19 é um importante gatilho para desencadear crises de pânico em pacientes que já sofrem do transtorno, assim como para desenvolver os sintomas em quem nunca teve a doença.

Não só isso, há uma questão relevante neste momento: “A importante semelhança entre os sintomas da Covid-19 e a síndrome do pânico, e como elas se confundem”, como destaca um artigo assinado pelo professor Dr. Luis Bassanesi, médico psiquiatra, e a estudante de medicina Iana Dalpiaz. 

A falta de ar, de acordo com eles, é um sintoma comum entre as duas doenças. Ao ter dificuldade para respirar, o indivíduo acha que está contaminado. “Quanto mais pensa que está contaminado, mais a falta de ar aumenta, juntamente com a ansiedade, em um ciclo que aparenta ser infinito. Tal situação acontece porque no meio de uma crise, a pessoa sente-se como se não tivesse onde se segurar, vive a sensação de que aquele sofrimento é (e parece ser) eterno.” 

Outro sintoma do pânico, que é a dor no peito, leva a crer em um possível problema no sistema cardiovascular. Aliás, independentemente da Covid-19, não é raro que um transtorno de pânico leve um paciente ao hospital achando que está tendo um ataque cardíaco.

Como diferenciar? Os sintomas de pânico são agudos rápidos e momentâneos, enquanto os da infeção pelo novo coronavírus são acompanhados por febre. “Outra dica relevante é que a falta de ar causada por uma crise não piorará com pequenos esforços, como subir alguns degraus, diferentemente da situação de Covid-19”, ensinam Bassanesi e Dalpiaz.

Possíveis sintomas

Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa, mas o MS lista os seguintes:

– aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração
– falta de ar
– pressão ou dor no peito
– palidez
– suor frio
– tontura
– náusea
– pernas bambas
– formigamento
– tremores
– calafrios ou ondas de calor
– sensação de estar “fora do corpo”
– medo de morrer ou de “perder o controle”
– desmaio ou vômito no pico da crise

Cuidando da saúde mental

O ideal é que o diagnóstico da síndrome do pânico seja feito por um médico psiquiatra, que definirá o melhor tratamento para o paciente. Em geral, o médico recomenda medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, além de encaminhar o paciente para um profissional da área de psicoterapia.

Segundo o MS, não há cura, mas o transtorno pode ser controlado com o tratamento adequado.

Para cuidar da saúde mental, Bassanesi e Dalpiaz dão dicas, em seu artigo, para aliviar a forma de encarar a situação atual de pandemia, tendo maior controle de prevenção a novas crises: Deixar nossa rotina mais leve e saber controlar o pânico generalizado. Saiba como:

  1. Ser mais positivo – agradecer pelas pequenas coisas positivas do cotidiano é uma forma de controlar pensamentos desesperadores e futuras crises.
  2. Apreciar a arte e a música.
  3. Reforçar os laços familiares e se aproximar de quem ama, mesmo que virtualmente – é uma forma de acolhimento, que proporciona suporte emocional ao indivíduo.
  4. Conectar-se à natureza, que renova nossas esperanças.
  5. Fazer caminhadas e exercícios físicos – comprovadamente trazem bons resultados durante tratamentos terapêuticos de síndrome do pânico. 

Fontes:

https://globoplay.globo.com/v/7151780/programa/

http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/3029-transtorno-do-panico

https://vitallogy.com/feed/A+sindrome+do+panico+e+a+pandemia+do+COVID-19/1458

https://br.mundopsicologos.com/artigos/panico-o-relato-de-alguem-que-teve-que-enfrentar-a-crise

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